Sisma participa da Rota da Ancestralidade e lançamento da Lista Negra do SINDJOR E COJIRA MT
O presidente do SISMA, Carlos
Mesquita, participou no último sábado, 18/11, da atividade alusiva ao Dia da
Consciência Negra (20/11) no Museu da Imagem e do Som (MISC). No evento, a
jornalista Bruna Maciel lançou o documentário "Rota da Ancestralidade: a
história não contada" e a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial
(Cojira/MT), que faz parte do Sindicato dos Jornalistas (Sindjor/MT),
apresentou à imprensa a "Lista Negra", uma relação com mais de 100
(cem) nomes de personalidades negras de destaque em Cuiabá, e que são possíveis
fontes para entrevistas durante todo o ano e não somente nos meses que se celebram
as causas e a necessária visibilidade da negritude em nossa capital e Estado.
Carlos Mesquita é um dos nomes
que compõe a lista e relata: "Não conhecia a Rota da Ancestralidade. Tenho
muito orgulho da minha história e descendência. Quero trazer meus filhos na
próxima rota, para que entendam de onde vieram e a importância histórica de não
deixar que o passado se apague. Fiquei emocionado em vários pontos, com as
histórias narradas".
A Lista contém nomes de
profissionais das mais variadas áreas de atuação com representatividade e
protagonismo de pessoas negras, que fazem a diferença na sociedade cuiabana e
na economia do Estado de Mato Grosso e que, no entanto, só costumam ser
entrevistadas em temas e meses específicos, sendo "invisíveis" no
restante do ano.
A jornalista e professora
Julianne Caju, membro da Cojira, destaca a importância da representatividade
Negra em diversos assuntos: "Usamos o termo Lista Negra, para num jogo de
palavras, mostrar que é possível fazer uso das palavras preto e negro para
coisas com bom significado. É muito bom fazer parte da Lista Negra da
Cojira". Ela afirma que, diferente do que é comum, quando os termos são
usados para associar as palavras a algo ruim ou ilegal, é importante a
apropriação desses termos com significados positivos e construtivos.
A cerimônia teve início com a
apresentação do documentário, seguido da caminhada pelo Centro histórico de
Cuiabá, passando por sete pontos: Igreja
do Rosário/São Benedito, Alavanca de Ouro, Praça da Mãe Preta, Praça da
Mandioca/Pelourinho, Rua Ricardo Franco/Rua das Pretas, Beco do Candeeiro e
finalização da rota no MISC.
O evento contou com a presença de
inúmeras personalidades e o Presidente do Sindicato dos Jornalistas, Itamar
Perenha, referendou a importância do lançamento do documentário e da Lista
Negra, afirmando: "A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial foi
instituída pelo Sindicato como forma de fazer com que a sociedade tenha
possibilidade de conhecer toda a sua ancestralidade, que povo somos nós, como
ele é constituído. E esse sincretismo todo é que faz de nós um povo pujante e
capaz de superar todas as dificuldades".
O diretor do Misc, idealizador da
Rota da Ancestralidade e narrador do documentário, Cristóvão Luiz Gonçalves
Silva agradeceu "...aos que têm o coração aberto e livre para pensar sobre
algo que nos é sagrado, que é o voo sobre a liberdade, para uma cultura de
paz". Ele destaca entre os pontos do percurso histórico, a apelidada
“alavanca de ouro”, morro que ficava entre a Igreja de Nossa Senhora do Rosário
e Capela de São Benedito e o Morro da Luz, onde no século XVIII havia um
garimpo (as “Lavras do Sutil”). Durante as escavações em busca de ouro, aconteceu
um desabamento muito grande e inúmeros negros escravizados morreram soterrados.
O aprendizado foi a pauta do dia,
com repercussão entre todos os presentes, pelo desconhecimento de fatos
históricos que contribuíram para a formação da sociedade cuiabana como a
conhecemos. Mesquita afirma: "Vou voltar mais vezes e indico a todos de
Cuiabá e do Estado que participem desse caminho pelo nosso passado e pela
história da ‘cuiabanidade’, para que saibam quais são os monumentos que existem
nesse percurso e qual a história deles. Foi muito significativo para mim o
conhecimento desse trajeto cultural e antirracista".
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